Por Jaqueline Conceição da Silva Fundadora e Coordenadora do Coletivo Di Jeje Doutoranda em Antropologia Social/UFSC Como diria Caetano Veloso: são quase todos pretos, ou quase brancos, ou quase pretos de tão pobres. Começo esse texto com esse trecho de Haiti, por que no dia de hoje, me lembrei de um trecho do Documentário Ori da Beatriz Nascimento, uma importante historiadora sobre os afro brasileiros, onde ela discute sobre a "ideia" de que os quilombos foram a "experiência africana inaugural" dos negros no Brasil. Onde começa a experiência dos sujeitos acerca de suas tradições, memórias, costumes, saberes e fazeres? Como, pensar numa possibilidade de experiência marcada pelo fazer-saber do corpo, quando temos o atravessamento de quase 400 anos de escravidão, onde justamente o corpo negro era insistentemente marcado e domesticado? Se por um lado, Walter Benjamin nos presenteia com a máxima de que a experiência só se dá no corpo, pelo corpo e atrav
Jaqueline Conceição da Silv a Fundadora e Coordenadora do Coletivo Di Jeje Doutoranda em Antropologia Social/UFSC Penso sempre, que nenhuma ideia chega sozinha: as idéias são frutos das experiências que compartilhamos ao longo de nossas jornadas. E assim, o percurso da jornada como doutoranda da antropologia, tem me feito deslocar a compreensão do feminismo negro apenas como disputa política na pólis, para a formulação de uma existência do corpo negro produzindo a pólis. Não se trata de pensar disputa, mas sim produção da vida e da história. Corpo, tem parecido ser, um ponto central para as mulheres negras, produzirem teoricamente sobre sua existência. Ele aparece com frequência em textos teóricos, ensaios e pesquisas. Nas mais diferentes formas e contextos. E é o corpo, meu corpo negro, o corpo negro que vamos pensar nesse texto. Corpo, não como unidade física da existência de uma subjetividade subalternizada e domesticada, mas como o espaço de const